Os relatos fortes são de uma mente inescrupulosa. Memórias de um pai agressivo, vozes de sua misteriosa mãe, lembranças de um possível amor torturado, cenas que mostram toda a complexidade de uma vida dedicada a destruição, mas que questionam também o imenso interesse pelo poder. Deus existe? A Igreja é confiável? A Ditadura Militar trouxe a disciplina? Quantas psicopatias existem nas instituições humanas? Afinal, seu lema é "não se deve confiar em ninguém".

domingo, 15 de abril de 2012

Mais sobre nossos Faroleiros



Amarílio Sales - Narrador

Dentre os espetáculos mais recentes de Amarílio Sales, 54 anos, estão as atuações nas montagens do Núcleo de Teatro do TCA, Jeremias, O Profeta da Chuva, texto e direção de Adelice Souza, Policarpo Quaresma, adaptação do livro de Lima Barreto dirigida por Luiz Marfuz, contemplado com Prêmio Braskem de Teatro de Melhor Espetáculo. E A Casa de Bernarda Alba, do dramaturgo espanhol Frederico Garcia Lorca, encenado por Fabiana Monsalu, que  rendeu o Prêmio Braskem de Teatro na categoria Melhor Ator pela interpretação visceral da personagem título.
Cearense de nascimento, ele se mudou para São Bernardo dos Campos, cidade do ABC paulista, aos 5 meses de idade e começou a fazer teatro ainda no primário. No início da década de 80, foi para Paulicéia estudar artes plásticas na Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Lá, atuou e produziu diversas peças e exerceu a profissão de arte-educador durante 10 anos na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e na USP entre 1989 e 1991. No final dos anos 90, ele recebeu uma proposta  desafiadora do diretor Darci Figueiredo: interpretar em japonês o narrador do espetáculo Hako Onna (tradução: A Mulher Caixa) em quatro cidades nipônicas. Convite aceito. Foram quatro meses de estudo da musicalidade do idioma e Amarílio rumou ao oriente para contar o mito  da mulher que nasceu há mil anos e tem a cabeça dentro de um patiguá (caixa).
De volta ao Brasil, Amarílio fixou residência em Salvador e reestreiou o monólogo que fazia em São Paulo, Apareceu a Margarida, de Roberto de Athayde, utilizando as músicas de axé para alegrar e atualizar a história da professora autoritária. A montagem foi bem recebida pelo público e em apresentação na Região Metropolitana de Salvador, ele foi contemplado com o Prêmio de Melhor Ator do Festival de Camaçari. Na seqüência, vieram as peças itinerantes O Evangelho Segundo Maria, dirigida por Carmen Paternostro e encenada no Forte do Barbalho e Palhaço...Quem?, texto de Timochenco Wehbi, com direção de Rino Carvalho, e apresentada em 26 praças da periferia de Salvador. No ano passado, ele voltou a trabalhar como arte-educador no Ponto de Cultura Gamboarte, sediado no Teatro Gamboa Nova. 

Daniel Becker - Pai 
Transitando paralelamente entre a Psicologia e o Teatro há quase três décadas, Daniel Becker (A Prostituta Respeitosa e Bodas de Sangue), 47 anos, conseguiu encontrar interseções entre as duas áreas do conhecimento, e assim, construiu sua história profissional. Como mérito, foi recém titulado doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) com a tese denominada “Diálogos somáticos do movimento: o Método Pilates para a Prontidão Cênica”, conceito formulado por ele que propõe a importância da atividade física para que atores e dançarinos possam exercer plenamente sua arte. “A Psicologia indica como tratamento a qualidade de vida e o bem-estar, entendo que esse caminho é, também, pelo corpo. No teatro, o corpo é um instrumento a ser trabalhado pelo ator para construir o personagem”, afirma Daniel, que traz no currículo mais de 30 espetáculos, atendimento clínico e trabalho com educação.         
As formações dele iniciaram nos anos 1980, quando o adolescente loiro nascido em Porto Alegre e radicado em Salvador, desde os 6 anos, prestou vestibular para Psicologia na UFBA e, concomitantemente, iniciou o Curso Livre de Teatro na mesma instituição. Antes de terminar as aulas de artes cênicas, foi convidado pelo diretor Felinto Coelho para integrar o grupo Suplemento Juvenil e atuar na peça de ficção científica Mega Star, que estreou na antiga Sala do Coro do Teatro Castro Alves. Depois vieram os espetáculos Merlin ou A Terra Deserta, direção de Carmen Paternostro, e Traições de Meran Vargens.
Apesar da carreira promissora, Daniel decidiu trancar a faculdade e se mudar com a esposa grávida para Lençóis com o intuito de criar o filho. Ficou por lá durante 3 anos e de volta à capital baiana, finalizou o curso de Psicologia. Com o canudo na mão, foi morar em Vitória da Conquista, onde se dividia entre o consultório e o emprego na escola como psicólogo. Nessa época os palcos tinham ficado em segundo plano, mas não por muito tempo. A estada no interior durou 3 anos e ele novamente regressou, desta vez a convite de Fernando Guerreiro para protagonizar Calígula. Mas a parceria não deu certo e ele foi substituído por Vladimir Brichta. Ao refletir sobre o passado, Daniel diz que era um ator imaturo, porém aprendeu a lição e outras montagens vieram como O Vôo da Asa Branca e Na Lua, na Rua, na Tua, encenações de Deolindo Checcucci, Vixe Maria, Deus e o Diabo na Bahia, de Guerreiro, e, mais recentemente, Dias de Folia, de Jacyan Castilho. 

Nayara Homem - Mãe
Formada em Licenciatura Teatral pela Universidade Federal da Bahia, Nayara Homem vem há dez anos se firmando como um dos nomes sempre presentes em trabalhos que envolvem o Teatro Infantil, Teatro Esporte, Teatro Adulto, entre outras investidas das Artes Cênicas baianas.

Também é maquiadora formada pelos cursos técnicos do Teatro Castro Alves, já participou do Festival de Teatro de Rua de Aurillac –França e Festival de Teatro de Zurich – Suíça, onde apresentou  A Dama e o Palhaço em 2007.
Já atuou nos filmes Revoada, Na cidade das coisas sem rumo, Dalva, além de séries, episódios e programas educativos e promocionais para TV. Faz parte da Cooperativa Baiana de Teatro, com seu grupo o Via Palco.


      


Tatiane Carcanholo - Maria Helena
          A atriz e jornalista paulista Tatiane Carcanholo (Guilda/O Evangelho Segundo Maria), 31 anos, participa pela segunda vez de uma montagem baseada na obra de João Ubaldo Ribeiro. Em Diário do Farol, onde as palavras se revelam inadequadas, ela interpreta a jovem idealista Maria Helena, que rejeita as investidas do ex-padre vilão. Em sua peça de formatura, Viva o Povo Brasileiro, direção de Meran Vargens, que lhe rendeu a indicação ao Prêmio Braskem de Teatro na categoria atriz coadjuvante, ela se revezava entre seis personagens, o que a fez mergulhar no humor ácido do autor.
Após colar grau, Tatiane voltou para Piracicaba, interior de São Paulo, para reencontrar a família e seus antigos grupos teatrais, mas sabia que tinha deixado para trás o experimentalismo e improviso ímpares do Coletivo Cruéis Tentadores, empreitada dela em parceria com o diretor Marcelo Sousa Brito e outros artistas transgressores de Salvador. “Essa experiência foi única porque a escolha da estética alternativa mexeu muito conosco e acredito também que com a cena da cidade”, conta a atriz.
Quando foi aprovada no vestibular para Direção Teatral na UFBA, apesar de fazer Teatro há mais de 15 anos, Tatiane não conhecia ninguém e lembra que, para fazer amigos, aceitava os convites de exercícios cênicos, performances e intervenções. Onde tinha oportunidade lá estava a paulista interiorana que puxava o "r" e queria trabalhar, conhecer e debater.
Um dia, depois de ser assistente de direção em algumas disciplinas, encontrou Luiz Marfuz pelos corredores precisando de alguém para ajudá-lo no espetáculo e foi para Sala 5. Depois, se tornou assistente do mesmo em Cuida Bem de Mim. Assim, ela passou mais de dois anos como educadora no Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, numa empreitada enriquecedora. Porém, aos poucos, percebeu que a atuação fazia muita falta e migrou para o curso de Interpretação, um tanto tensa sob os olhos de Harildo Deda e Hebe Alves, mas deu certo. Com Walter Rozadilla, da Contramão Produções, grande amigo e estudioso da arte do ator, fez o curso Abrindo Portas, que definitivamente a marcou para sempre. Nesta mesma época fez junto a Carmen Paternostro duas temporadas do espetáculo "O Evangelho Segundo Maria", onde entrou sem nenhuma poersonagem definida e acabou vivendo as duas "Marias", Mãe e Madalena.
As Artes Cênicas entraram na vida de Tatiane na infância. “Aos seis anos, percebendo minha extrema timidez, minha mãe resolveu me levar ao teatro. Com medo, porém muito encantada, resolvi que queria fazer aquilo de maneira ininterrupta, por acreditar tanto na força transformadora desta arte”, afirma. Participou das Oficinas de Teatro Infantil e Adulta de Santa Bárbara d'Oeste e de diversos festivais no interior de SP, num encontro com Maria Clara Machado, Lewis Carroll, George Orwell, Chico Buarque, Carlos Drummond de Andrade, “me alfabetizei através da cena, de maneira intuitiva e amadora”. Passou mais quatro anos no Nucleo de Cultura da Universidade Metodista de Piracicaba, como atriz, produtora e diretora de grupos, amadurecendo cada vez mais seu desejo por profissionalismo e fomento à cultura. Nos últimos anos foi assessora da Estação Cultural de Santa Bárbara d'Oeste, do Ponto de Cultura Garapa e participou de diversos eventos como performer do Sesc Piracicaba.

        

     



Fernanda Paquelet - diretora e iluminadora

A iniciação de Fernanda Paquelet, 36 anos, nas artes cênicas se deu no início da adolescência por causa da timidez do irmão mais velho. Com o intuito de vencer o acanhamento, ele aceitou a sugestão de um amigo da família para fazer teatro, porém disse que não iria sozinho de jeito nenhum. Então, a mãe matriculou os dois irmãos na oficina.  Ele nunca foi às aulas, mas Fernanda tomou gosto e resolveu abraçar o ofício. A transição do teatro amador para o profissional aconteceu na adolescência, aos 13 anos, com o espetáculo Mateus e Mateusa, dirigido por Maria Eugênia Milet, na sala do coro do Teatro Castro Alves.     
Terminado o segundo grau, ela foi aprovada para o Bacharelado em Interpretação Teatral na Universidade Federal da Bahia. “Quando entrei na Escola de Teatro, já tinha a experiência de atriz. Então, fui aprender a parte técnica”, diz, em tom de brincadeira, Fernanda. Gracejos à parte, foi mais ou menos o que acorreu, pois vem desta época os primeiros conhecimentos dela em iluminação, sonoplastia e cenografia. Em seguida, ela enveredou pelos caminhos da direção e depois rumou para a produção cultural.
Com 23 anos de carreira, Fernanda exerce essas múltiplas funções artísticas e tendo o reconhecimento da classe, do público e dos críticos. Pela atuação em As Estrelas de Orinoco, ao lado de Iami Rebouças, direção de Felipe Assis, recebeu o Prêmio Braskem de Melhor Atriz. Outros trabalhos de destaque são: Jingobel, direção de Celso Jr., e Noviças Rebeldes, direção de Wolf Maya.
Em breve, ela será vista nas telas do cinema nas produções baianas Pau Brasil, de Fernando Belens, Jardim da Folhas Sagradas, de Pola Ribeiro. Como diretora, ela assinou Vingança, Vingança, Vingança, Capitães da Areia e Siricotico: uma comédia do balacobaco, e os infantis A Vaca Lelé, indicado ao Prêmio Braskem de Teatro de Melhor Direção, E o Lobo é Mau?. Em seu currículo consta também a concepção de luz para os espetáculos Sebastião, Atire a Primeira Pedra e Barrela, dentre muitas outras. Com o irmão Alexandre Moreira e os amigos Eduardo Scaldaferri e Marília Castro, Fernanda fundou a Quatro Produções Artísticas


Erlon Bispo - produtor EBS Produções Culturais

Profissionalmente, ingressou na carreira artística em 1990, como colaborador assíduo do iluminador Guilherme Bonfanti, com quem desenvolveu vários projetos, destacando-se, entre outros: Fui, Vim e Voltei, da coreógrafa Renata Melo; Fata Morgana, ópera  dirigida por  Márcia Abujanra; Hiperbórea  e Clitemnestra,   ambos dirigidos   por Antonio Araújo, além de participar da montagem do espetáculo O Paraíso Perdido, primeira encenação do Teatro da Vertigem.
Em 1996, funda a EBS Produções Culturais, sendo sócio e produtor. Trabalhou com importantes artistas, entre eles: Antonio Fagundes, Perry Salles, Fernanda Montenegro, Antonio Abujamra, João Possi Neto e João Falcão. Fazem parte do seu quadro de clientes: Banco do Brasil, Esporte Clube Bahia, Esporte Clube Vitória, Gradiente, Shopping Iguatemi, Abb, Brasil Telecom e outros.
No Teatro produziu: A Ver Estrelas, de João Falcão; As Coisas Boas da Vida, de Ana Kfouri; Mulheres de Hollanda, de Carmem Paternostro; Ema Toma Blues, de Paulo Dourado; O Evangelho Segundo Maria, de Carmem Paternostro; As Filhas da Filha da Chiquita Bacana, de Rita Assemany; Arrufos – grupo XIX de teatro - Prêmio Shell de Teatro 2009 Vencedor - Categoria: Cenografia; Prêmio APCA 2009 – Vencedor – Categoria: Melhor Diretor; Prêmio Bravo Prime de Cultura 2009“Arrufos” - indicada como um dos três melhores espetáculos do ano no Brasil; Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro 2009: Vencedor – Categoria: Projeto Visual; Diário do Farol: Onde as palavras se revelam inadequadas, de Fernanda Paquelet- Prêmio Myriam Muniz de Teatro 2010.
Na área de Música produziu inúmeros shows, entre eles: Lulu Santos, Maria Bethânia, Emílio Santiago, Márcio Mello, Suzana Bello, Batatinha – produção e lançamento CD, selo independente e Doces Bárbaros- Bahia – produção e lançamento CD, selo independente, além da Ópera Madame Butterfly e do Ballet ÀSE, de Ana Vitória - Dança Contemporânea.
Atualmente, Erlon administra o Teatro Itália, em São Paulo.


Alex Mesquita - Trilha Sonora

Guitarrista, violonista, compositor e produtor, Alex Mesquita consolidou sua carreira musical no contexto da música instrumental, sendo considerado uma das maiores referências do estilo na Bahia.
Seus 22 anos de carreira são marcados, em especial, por influências musicais como as chulas e sambas de roda do recôncavo baiano, além da música contemporânea, jazz, funk e blues, frutos de sua experiência nos Estados Unidos e Europa.
Tais influências resultaram no CD “Curva do Tempo” - trabalho que lhe trouxe o reconhecimento no cenário baiano e nacional, com premiações em duas edições do Troféu Caymmi nas categorias melhor banda, composição e instrumentista.
Em sua trajetória realizou trabalhos com artistas do porte de Gilberto Gil, Roberto Mendes, Virginia Rodrigues, Teresa Salgueiro, Caetano Veloso, Carlinhos Brown, Margareth Menezes, Daniela Mercury e Ivete Sangalo, dentre outros.

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