Os relatos fortes são de uma mente inescrupulosa. Memórias de um pai agressivo, vozes de sua misteriosa mãe, lembranças de um possível amor torturado, cenas que mostram toda a complexidade de uma vida dedicada a destruição, mas que questionam também o imenso interesse pelo poder. Deus existe? A Igreja é confiável? A Ditadura Militar trouxe a disciplina? Quantas psicopatias existem nas instituições humanas? Afinal, seu lema é "não se deve confiar em ninguém".

domingo, 15 de abril de 2012

O contato com o faroleiro singular

João Ubaldo Ribeiro é uma figura de um humor inteligente e carismático. O primeiro encontro com o escritor foi na Ilha de Itaparica, em seu aniversário comemorado no dia 23 de janeiro. De lá para cá já se somam três encontros, na estréia do espetáculo Sargento Getúlio, também em 2011, onde grande parte da equipe teve a oportunidade de trocar mais saberes com o autor, além de uma nova visita em seu aniversário agora em 2012. Vida longa a este mestre e suas obras marcantes e inesquecíveis na memória do povo brasileiro, além de vários países onde sua obra já foi publicada e homenageada





Ilha de Itaparica. 
2011 - João e Amarílio Sales
2012 - João, Amarílio e Tatiane Carcanholo
 


 A equipe e João

ESSE TAL UBALDO

Em seu discurso de posse da cadeira número 34, na Academia Brasileira de Letras, João Ubaldo Ribeiro manifestou saudade do antigo regimento da casa que permitia ser empossado via carta. Avesso a cerimônias e badalações, ele afirmou: “sou apenas um romancista, um contador de histórias, cuja modesta cultura literária foi adquirida num convívio arrebatado com os livros de ficção, a poesia e o teatro”. Desde criança, o escritor era incentivado pelos pais a ter intimidade com os livros da biblioteca particular da família. Entre as primeiras leituras, aos 8, 9 anos, figuram Hamlet e Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Aos 21 anos, ele escreveu seu primeiro romance, Setembro, não tem sentido e o publicou cinco anos depois, graças ao incentivo do amigo Glauber Rocha e o apadrinhamento de Jorge Amado. Em 1971, lançou Sargento Getúlio, Prêmio Jabuti na categoria Revelação de Autor. Com tradução própria publicou Sergeant Getulio, nos Estados Unidos, obtendo grande repercussão no exterior. Na sequência vieram os romances: Vila RealViva O Povo Brasileiro, O Sorriso do Lagarto, O Feitiço da Ilha do Pavão, A Casa dos Budas Ditosos, Miséria e Grandeza do Amor de Benedita, Diário do Farol e Albatroz Azul, livros infanto-juvenis, muitos contos, crônicas, roteiro para cinema e televisão, artigos para jornais nacionas e internacionais. E em 2008, João Ubalddo recebeu umas das maiores honrarias para escritores da língua portuguesa, o Prêmio Camões. Em 2012 publica o livro infantil Dez Bons Conselhos do Meu Pai, pela Editora Objetiva.
            Nascido no dia 23 de janeiro de 1941, na ilha de Itaparica (BA), aos dois meses de idade, João Ubaldo mudou-se com a família para Aracaju (SE), onde viveu parte da infância até aos 10 anos quando passou a morar em Salvador. Fez o curso clássico no Colégio Central, onde conheceu Glauber. Em 1957, aos 16 anos, começou a trabalhar como repórter no Jornal da Bahia, tempos depois foi para A Tribuna da Bahia, onde chegou ao cargo de editor-chefe. No ano seguinte, iniciou o curso de Direito na Universidade Federal da Bahia, ao lado do amigo cineasta com quem editava revistas e jornais culturais. Apesar do bom desempenho na faculdade, ele nunca exerceu a profissão, pois abraçou fortemente as letras.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário